quinta-feira, 1 de maio de 2008

FAVORITOS: ALEXANDRE PELEGI, 1º DE MAIO, 2008

Uma linda e verdadeira mensagem.....
Cuidem de suas mães, (futuras?) avós de seus filhos.....

MÃES MORREM QUANDO QUEREM...

Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria
junto a mim quando chegasse à escola
em meu 1º dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os
desafios que a nova vida iria me
trazer. Poucas semanas depois descobri aliviado que ela ainda estava lá,
pronta para me defender não somente
daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades
intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou
limites, nem que me impedisse de
viver a plenitude dos vôos juvenis. Mas logo no primeiro porre eu felizmente
a descobri rediviva - foi quando
ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa
surra de meu pai.

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente, sem chances para
ressurreição. Entrara na faculdade,
iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a
presença materna não cabia em nenhuma
hipótese. Ledo engano: quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir
voltei à casa materna, único espaço
possível de guarida e compreensão.

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível, apenas
requeria lentidão... Foi quando me casei,
finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a
primeira filha para descobrir que o bicho
'mãe' se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado 'avó'. Para
quem ainda não viveu a experiência,
avó é mãe em dose dupla...

Apesar de tudo continuei acreditando na tese da morte lenta e demorada, e
aos poucos fui me sentindo mais
distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares ela reaparecesse em
minha vida desempenhando papéis
importantes e únicos, papéis que somente ela poderia protagonizar. .. Mas o
final dessa história, ao contrário
do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperava, ela
decidiu morrer. Assim, sem mais,
nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para
despedida.

Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães são para sempre. Ao
contrário do que sempre imaginei, são
elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e o quanto
fica relegado para o etéreo terreno da
saudade...
Mãe não pode morrer assim, está errado. . . . . não pode . . . . . . .


Alexandre Pelegi - Colunista

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